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Cearense com insônia descobre 'cura' na maconha e consegue autorização para cultivar a planta

Por g1 05/09/2023 09h09
Medida da Justiça permite a extração do canabidiol, óleo presente na planta da maconha com propriedades medicinais. - Foto: Ismael Soares/SVM

Um professor cearense que prefere não se identificar sofreu por anos com insônia grave e crise de ansiedade. Ele tentou vários métodos para amenizar a situação, mas foi com uso da maconha que voltou a ter noites de sono mais tranquilas.

Após descobrir o efeito, ele buscou na Justiça e obteve uma licença para plantar a Cannabis sativa, nome científico da erva. Com autorização para o cultivo medicinal em sua residência por meio de habeas corpus [autorização legal provisória], ele vê na medida uma opção para o bem-estar.

O Tribunal de Justiça explicou ao g1 que a autorização é "para uso estritamente pessoal e terapêutico com finalidade exclusivamente medicinal, mediante fiscalização". A medida da Justiça permite a extração do canabidiol, óleo presente na planta da maconha com propriedades medicinais.

O ineditismo dos casos está na forma de entrar com o pedido: pelo habeas corpus.

Descoberta da 'cura'

O professor fumou pela primeira vez com um amigo e percebeu que conseguia dormir como nunca havia conseguido. Após passar por consultas com psiquiatras, buscou a vaporização da Cannabis uma alternativa:

"Conversando com meu médico, ele recomendou a vaporização, que dá um efeito mais imediato. Resolvi cultivar em casa [durante a pandemia, quando sofria crises com mais frequência], mas morria de medo de que alguém descobrisse, que houvesse algum problema legal, então procurei um advogado", disse ao g1.

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Ítalo Coelho, advogado criminal com expertise em lei de drogas, atendeu o professor e o outro caso. Ambos tiveram sucesso neste último julgamento.

"Esse tema está voltando à discussão no STJ (Superior Tribunal de Justiça), porque teve um ministro que quis retomar a discussão. O Ceará se antecipa nessa discussão. Para ter o direito ao cultivo, a pessoa precisa ter um quadro clínico, acompanhamento médico, etc.", contou Ítalo.

Na prática, o paciente ainda precisa entrar com uma ação judicial para poder cultivar a planta em casa. A discussão que existia e foi superada é que antes o tema podia ser tratado como cível (ações não criminais).

"A gente entra com habeas corpus porque muitos pacientes correm risco até de serem presos. Hoje o TJ entendeu, por unanimidade, que é o habeas corpus que tem que ser entrado", explicou o advogado.

Ainda de acordo com Ítalo, no Ceará, mais de 40 pessoas já conseguiram autorização da Justiça para o cultivo da maconha.