Torcedor morto após final da Copa do Brasil tinha deficiência auditiva
Rafael Garcia, de 32 anos, o torcedor morto após a final da Copa do Brasil no domingo (25), no Estádio do Morumbi, Zona Sul de São Paulo, tinha deficiência auditiva e integrava a ala inclusiva "Surdos e Mudos tricolores" da torcida organizada Independente Tricolor. Ele foi morto com um tiro na nuca.
A Torcida Independente lamentou a morte e informou que todos os protocolos determinados pelas autoridades de segurança foram seguidos. "Nesse momento, só expressamos o nosso pesar e condolências à família do Rafael."
"Não sabemos o que ocorreu e aguardamos o total conhecimento dos fatos, para as devidas responsabilizações. Lemos muitos relatos, durante o dia de hoje, de pais assustados com seus filhos, devido à forma de repressão ocorrida. Mulheres também, no meio de cavalaria e bombas de gás. Seguimos todos os protocolos determinados com as autoridades de segurança. Tudo transcorreu de forma pacífica e ordeira. Desde o perímetro de conferência dos ingressos à festa dentro de campo", diz nota da Independente.
Ainda de acordo com a nota da organizada, ela tem sido "referência em ações de conscientização sobre paz nos estádios, ações sociais e empreitadas em prol da sociedade. Principalmente, os mais humildes. Em nenhum momento, partiu da Independente alguma ideia para concentração popular, fora de área de perímetro. Inclusive, na data do jogo, divulgamos nota oficial para que torcedores sem ingresso, não fossem ao Morumbi".
A torcida diz ainda que não quer ser responsabilizada e, se alguém tiver participado de algo que resultou na fatalidade, será expulso.
A PM informou, por meio de nota, que torcedores tentaram invadir uma área isolada e foram impedidos por policiais. Com isso, os torcedores passaram a arremessar garrafas, pedras e fogos de artifício na tropa. Ainda segundo a PM, foi necessária a utilização de granadas, "munição de impacto controlado e jato d'água. Depois disso, diz a PM, encontraram um torcedor caído com um ferimento na cabeça pela Rua Paulo Sergio Freddi.
Investigação
A polícia investiga a morte de Rafael. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), ele foi encontrado caído com ferimento na cabeça.
Ele foi socorrido e levado ao Pronto Socorro Campo Limpo, mas não resistiu.
O caso foi registrado como promover tumulto e homicídio na Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade) e será investigado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
Bombas e jatos d'água
Após o apito final do árbitro, a comemoração do lado de fora do estádio foi marcada por uma confusão.
Segundo relatos da SporTV, a polícia dispersou parte dos torcedores que se concentrava na saída principal dos ônibus das delegações, para liberar a saída dos ônibus do Flamengo rumo ao Rio de Janeiro.
Houve uso de bombas de efeito moral e jatos de água para dispersar os torcedores na altura da praça Roberto Gomes Pedrosa, além do uso da cavalaria.
Imagens da SporTV também registraram policiais militares dando golpes de cassetete em um grupo de são-paulinos.
O outro momento de tensão foi quando o zagueiro Arboleda, do São Paulo, subiu na marquise, ao lado de um dos portões do estádio.
Alguns torcedores tentaram subir o muro e o portão ameaçou cair. Foi quando a Tropa de Choque voltou a jogar bombas para afastar o público.
O que diz a PM
"A Polícia Militar informa por meio desta nota alguns fatos ocorridos ontem (24) durante o evento desportivo pelo Estádio Cícero Pompeu de Toledo (Morumbi), jogo entre São Paulo x Flamengo, válido pela final da Copa do Brasil, com a incidência de diversas ocorrências registradas.
Durante a fiscalização de “check point”, pela Av. Jorge João Saad, integrantes da torcida organizada do São Paulo e do Flamengo, avançaram contra a barreira de fiscalização de ingressos, agredindo o policiamento com garrafas e fogos de artifícios. Houve a necessidade de intervenção da Policia Militar para restabelecer a ordem pública. Da intervenção restaram duas policiais militares feridas, ninguém foi detido.
Cinco torcedores disfarçados com uniformes de limpeza foram detidos pela segurança privada do estádio. Não houve intervenção da Policia Militar. Após o término do evento, torcedores do São Paulo se aglomeraram em frente à
Praça Roberto Gomes Pedrosa para comemoração do título. Devido a presença dos jogadores, que escalaram o portão principal, um grande número de espectadores também subiu, trazendo um risco real de colapso da estrutura. Diante dos fatos, foi utilizado o Veículo Lançador de Água para dissuadir a ação da torcida, que passou a atacar o efetivo policial com garrafas e artefatos pirotécnicos. Sendo necessária a intervenção policial para dispersar os torcedores.
Policiais da ROCAM do 2º Batalhão de Polícia de Choque prenderam uma mulher nas imediações do Estádio do Morumbi, que estava praticando furto de celulares. A infratora foi detida com 13 (treze) celulares. A ocorrência foi apresentada no 34º Distrito Policial.
Pela Rua Jules Rimet x Rua Paulo Sergio Freddi também ao final do jogo, torcedores derrubaram o tapume de isolamento, houve ação do choque (Regimento de Polícia Montada e 2º Batalhão de Polícia de Choque). Quatro policiais foram feridos de forma leve. Um torcedor também ficou ferido.
Ainda ao final da partida, torcedores tentaram invadir a área de isolamento, sendo prontamente impedidos pelas patrulhas policiais, momento em que passaram a arremessar garrafas, pedras e fogos de artifícios na direção da tropa. Para controlar a multidão foi necessária a utilização de granadas policiais, munição de impacto controlado, emprego do veículo lançador de água e da Cavalaria. Da ação restaram 8 policias feridos. Ninguém foi detido.
Após repelirem e reestabelecerem a ordem, os Policiais encontraram um torcedor caído com um ferimento na cabeça pela Rua Paulo Sergio Freddi. Foi providenciado o socorro pela ambulância do estádio ao PS Campo Limpo, porém a situação evoluiu a óbito. A causa da morte ainda não foi determinada. O caso foi registrado na Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE) e será investigado pelo DHPP. Um Inquérito Policial
Militar também foi instaurado para averiguar as circunstâncias desse infortúnio. Pela Rua Jules Rimet, defronte ao portão 4, um indivíduo foi flagrado furtando o aparelho celular do ex-atleta de futebol Diego Lugano e o entregando a outro indivíduo não identificado. O meliante foi contido por populares até a chegada da Polícia Militar. Diante dos fatos a equipe policial deu voz de prisão ao indivíduo e condução ao Posto de Comando do evento. O criminoso foi encaminhado ao P.S. Campo Limpo e IML central, e, doravante, ao 87º DP, onde foi ratificada a prisão por furto por meio de destreza e concurso de pessoas, permanecendo o indivíduo a disposição da justiça.
Ressaltamos que todo o efetivo policial destinado é quantificado e escalonado após análise de risco da contingência. No caso, pela importância do evento e as diversas problemáticas envolvidas, foi mobilizado um reforço dos órgãos públicos e privados participantes da operação.
Afim de garantir a segurança dos torcedores, foram dispostos pontos de bloqueio para conferência de ingressos, contando desta forma com um perímetro de isolamento por onde acessavam somente as pessoas que portavam ingressos válidos para partida."