Em setembro, um casal britânico foi detido depois de aterrissar em Ibiza: foram pegos tendo relações sexuais no banheiro do avião. Segundo a Lei de Ofensas Sexuais do Reino Unido, é ilegal fazer sexo em banheiros públicos. O flagra foi parar nas mãos da justiça, na imprensa e nas redes sociais, depois de muitos passageiros registrarem o momento em que a aeromoça abriu a porta do sanitário.

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A cultura popular teve o cuidado de dar uma certa mística ao sexo a vários quilômetros de altura. Para fazer parte do chamado "Mile High Club" (o clube do sexo nas alturas, em tradução livre), basta entrar em um avião e fazer sexo pelo menos uma vez.

São tantas pessoas que fantasiam em ter relações sexuais nas alturas que já existem empresas especializadas em preparar tudo para o ato. A mais conhecida é a Love Cloud, que oferece voos (por enquanto, apenas em Las Vegas) para comemorar casamentos, aniversários, confraternizações de Dia dos Namorados, aniversários ou "ocasiões especiais".

Entre as opções de contratação existentes está a adesão ao Mile High Club, com três modalidades que variam entre US$ 995 para voo de 30 minutos e US$ 1.895 para voo de uma hora, por casal (valores equivalentes na cotação atual a R$ 4,9 mil e R$ 9,3 mil, respectivamente). Ao pagar por essas experiências, cada passageiro recebe um cartão e um certificado assinado pelo piloto indicando que já faz parte do clube.

Embora a maioria dos clientes que reservam os serviços da Love Cloud sejam casais, a empresa ocasionalmente atende grupos de três ou quatro pessoas. Por uma taxa adicional de US$ 200 (R$ 989) por pessoa, é possível cultivar o poliamor. Colchão no chão, travesseiros forrados de cetim vermelho e uma cortina que separa a área da cama do piloto (que usa fones de ouvido com cancelamento de som) completam o cenário.

Além disso, quem contrata o serviço pode trazer suas próprias listas de músicas para conectar ao sistema de som do avião. Por mais excitante que possa parecer o sexo no ar, vale a pena levar em consideração as leis do país onde o avião está registrado. No Reino Unido, o sexo em banheiros públicos é passível de punição. Já na Espanha, fazer sexo numa aeronave seria crime se fosse feito com a porta aberta, pois incorreria em crimes de exibicionismo e provocação sexual.

Por que 'sexo nas alturas' é fantasia de tanta gente?

Este clube tem um site próprio, onde aqueles que decidiram que o clímax é melhor nas alturas partilham com orgulho as suas experiências. Entre as famosas "do clube", Kris Jenner preferiu relatar abertamente à revista Cosmopolitan.

— Eu estava com Bruce [agora Caitlyn Jenner] em um voo comercial, na primeira classe. Passamos a fazer parte do Mile High Club e, ao fazer isso, pensamos que tínhamos escapado impunes, porque fizemos sexo no banheiro, e ninguém disse nada quando saímos. Porém, quando o avião estava perto de pousar, o comissário gritou para todo o avião: 'Parabéns, Sr. e Sra. Jenner! Eles agora fazem parte do Mile High Club! Estamos muito orgulhosos de vocês, por isso vamos lhe dar uma garrafa de champanhe!' Tentei me esconder no assento. Fiquei morta de vergonha — lembrou a matriarca do clã Kardashian.

Mas por que tantas pessoas acreditam que sexo no banheiro de um avião, a priori um lugar pequeno e desconfortável, é algo que vale a pena experimentar e compartilhar com o mundo?

— Entra em cena a adrenalina, que é o hormônio do risco e é imensamente viciante, pois intensifica as sensações físicas e emocionais — explica a psicóloga Lara Ferreiro. — Os orgasmos são intensificados pela baixa pressão atmosférica, enquanto a sensação de perigo excita muitos.

Como deve agir a tripulação?

Mas existe algum regulamento ou manual de conduta específico que aponte à tripulação como agir se um casal decidir que o avião é o melhor lugar para fazer sexo? Arantxa, uma aeromoça de 32 anos, diz que não:

— Se estiverem no banheiro, o que você tem que ter certeza é que são só duas pessoas, porque só há duas máscaras [de oxigênio, necessárias em caso de despressurização da cabine]. Por vezes, tentam colocar três pessoas no mesmo banheiro, como aconteceu conosco num voo entre Madrid e Santo Domingo. O que fazemos em casos como este é convidá-los a permanecerem nos seus lugares, para sua segurança — garante ela.

Um estudo lançado pela JetCost – plataforma que compara ofertas de voos, hotéis e aluguel de automóveis – em 2016 indica que 14% dos tripulantes de cabine espanhóis tiveram relações sexuais com um passageiro no avião, percentagem que aumenta quando a relação é entre os próprios tripulantes (nesse caso, sobe para 21%).

Foi uma antiga aeromoça chamada Mandy Smith, da Virgin, companhia aérea de Richard Branson, que, ao publicar as suas memórias, na obra Cabin Fever, deixou claro a todos os leitores que sexo a bordo de um avião não é algo que só acontece na ficção.

"Minha mala estava mais preparada para um encontro sexual do que para viajar", ​​confessou ela.