Médico do HGE orienta como evitar a intoxicação exógena
Entre os vários problemas de saúde que levam, diariamente, um grande número de pessoas a procurar atendimento nas emergências de todo o Brasil, a intoxicação exógena está entre os mais comuns, conforme alerta o médico do Hospital Geral do Estado (HGE), Igor Menegassi.
De acordo com ele, esse tipo de problema é caracterizado como um conjunto de efeitos nocivos ao organismo, causado por um ou mais agentes tóxicos, como agrotóxicos; medicamentos; produtos de uso doméstico, a exemplo de cosméticos e de higiene pessoal; produtos químicos de uso industrial; drogas; plantas; alimentos e até bebidas, que podem levar à morte se a pessoa intoxicada não receber assistência médica em tempo oportuno.
Como medida preventiva, o médico do HGE recomenda que os adultos estejam em alerta para evitar que estes produtos estejam ao alcance das crianças, que geralmente são curiosas e não sabem identificá-los como perigosos.
O cuidado também deve ser adotado no caso dos familiares de pessoas em tratamento psiquiátrico, uma vez que, segundo o especialista, estes dois grupos são os mais suscetíveis a serem vítimas de intoxicação exógena, que pode ser desencadeada de forma acidental, por uma tentativa de suicídio ou até de homicídio, já que uma pessoa pode ser intoxicada propositalmente.
“No caso das pessoas em tratamento psiquiátrico é necessário evitar que elas tenham acesso livre a medicamentos e produtos tóxicos, porque isso diminui o risco de ações que atentam contra a vida delas. Já no caso das crianças, é importante lembrar de afastar produtos potencialmente tóxicos, como os de limpeza e higiene, medicamentos e pesticidas. As ações necessitam sempre priorizar a vigilância e a prevenção, pois cada tentativa predispõe a outra”, salienta o médico Igor Menegassi.
Ele explica que a intoxicação exógena pode ocorrer de forma não proposital, mas a maioria dos casos representa o principal meio utilizado nas tentativas de suicídio, e que se encontra entre os três principais métodos de escolha das pessoas que desejam ceifar a própria vida. Esses casos chegam com muita frequência no HGE e, ao serem identificados, conforme ressalta o médico, os pacientes são imediatamente internados na Área Vermelha Clínica.
“Infelizmente os casos de intoxicação exógena, principalmente pela ingestão de medicamentos em grandes quantidades e produtos químicos, são mais frequentes do que se imagina. Diante do relato do acompanhante ou das informações repassadas pelo próprio paciente, se estiver consciente, adotamos as medidas necessárias para salvarmos a vida dele. Para isso, procuramos identificar qual agente provocou a intoxicação exógena, visando adotarmos a melhor conduta”, esclarece Igor Menegassi.
Tratamento
Para reversão do problema, o médico do HGE informa que são adotadas medidas como a lavagem gástrica, utilização do carvão ativado e outros antídotos. Também são realizadas outras práticas que possam facilitar a eliminação do agente tóxico absorvido pelo organismo do paciente.
Em caso de intoxicação exógena, Igor Menegassi orienta que a pessoa responsável pelo socorro deve recolher todos os possíveis agentes causadores, além de tentar descobrir a quantidade ingerida para relatar aos profissionais do pronto atendimento. “Não é recomendável oferecer líquidos ou outros produtos, tampouco provocar vômitos ou náuseas. Em caso de contato com pele ou olhos, deve-se lavar o local com água em abundância e remover as roupas que podem conter o item suspeito”, enumera.
De acordo com dados divulgados pelo Núcleo Hospitalar de Epidemiologia do HGE, no ano de 2023, a intoxicação exógena levou 157 pessoas a serem internadas na maior unidade hospitalar de Alagoas. No ano anterior, o problema de saúde provocou a internação de 191 usuários. Este ano o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), vinculado ao Ministério da Saúde (MS), ainda não divulgou os dados referentes aos meses de janeiro e fevereiro.
Constatação
Eliane dos Santos tem 41 anos. Ela foi internada no HGE após consumir vários medicamentos, entre eles o valproato de sódio e o clonazepam. Ela está em tratamento psiquiátrico no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do município de Cajueiro, onde reside, e a suspeita é que essa atitude foi consequência da confusão mental causada pelo óbito de um ente querido.
“Ela nunca havia feito isso, apesar da sua confusão mental. Foi um grande susto para mim e para os seus filhos. O atendimento teve início na Unidade Mista da minha cidade, que identificou a gravidade e necessidade de transferência para o HGE. Viajamos muito preocupados para Maceió, mas ficamos aliviados pelo atendimento que ela recebeu. Felizmente ela se recuperou e voltamos para casa”, afirmou José Gustavo dos Santos, irmão da paciente.
Eliane já recebeu alta médica, com recomendações para fortalecimento e preservação de sua saúde. O especialista destaca que a atitude da família em buscar imediatamente o atendimento médico foi crucial para salvar a vida da paciente, uma vez que, quanto mais rápido é neutralizado o efeito nocivo do agente tóxico, menor é o risco de sequelas e óbito.