Historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz toma posse na ABL
Tomou posse na noite desta sexta-feira (14) a quinta integrante feminina da atual configuração da Academia Brasileira de Letras, a historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz. A academia conta com 40 "imortais" - 35 homens e cinco mulheres.
Lilia Schwarcz é professora da USP e da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, e publicou mais de 30 livros sobre a história do Brasil. Obras que fazem uma crítica profunda às desigualdades que marcaram o Brasil ao longo dos séculos, sejam elas de gênero ou raciais.
Entre os convidados: a ministra do Supremo Tribunal Federal e presidente do TSE Carmem Lúcia e o ministro dos Direitos Humanos e da cidadania Silvio de Almeida.
"Nós somos maioria nesse país mas somos uma maioria minorizada na representação e representação não é só poder, representação é verdade, é conhecimento, entao acho que o papel das mulheres é fundamental pra destacar que nós queremos mesmo é igualdade. Igualdade com diferença", disse Lilia, sobre a questão da representatividade feminina na ABL.
"Essa casa é uma casa com uma assinatura de sobrevivencia historica. Receber a Lilia aqui é chegarmos ao contemporaneo, é isso", observou a atriz Fernanda Montenegro, outra integrante da ABL.
A historiadora e antropóloga foi eleita em março para a 9º cadeira da Academia Brasileira de Letras. A vaga foi aberta com o falecimento do acadêmico Alberto da Costa e Silva, que também era historiador.
No discurso de posse, ela Lilia se emocionou ao homenagear seu antecessor na cadeira. "Foi Alberto da Costa e Silva quem me levou pela mão para muitos lugares e, de certa maneira, para essa Cadeira. Ele que era, para mim, uma espécie de pai ancestral.Seu legado é a boa diplomacia feita do diálogo, e da luta intransigente ao lado de populações que ficaram séculos sem direito a terem direitos básicos: como educação, saúde, segurança e memória", afirmou.
Mulheres ainda minoria
Há mais de um século, o ambiente da academia é predominantemente masculino. Sem contar cada um dos patronos das 40 cadeiras, todos homens, até hoje fizeram parte da academia 257 escritores do sexo masculino. Lilia Schwartz é apenas a 11 ª mulher a se tornar "imortal".
A academia levou 80 anos para abrir as portas às escritoras brasileiras. Rachel de Queiroz foi a primeira mulher a se tornar imortal, em 1977.
Um longo atraso que os imortais do presente estão dispostos a corrigir. "A gente sempre esteve preocupado com essa questão e agora a gente vai tentar aumentar isso gradativamente. Temos que buscar a maior representação feminina e nós vamos", disse o presidente da ABL, Merval Pereira.