Parceiros celebram 6 anos de atuação da Embrapa Alimentos e Territórios
Embrapa Alimentos e Territórios completou seis anos de sua criação. Para reconhecer os esforços da equipe e homenageá-la, cerca de 30 representantes governamentais, do setor produtivo e de comunidades parceiras, além de dirigentes da Embrapa, enviaram depoimentos aos empregados.
Apesar do curto período de existência do centro de pesquisa, agricultores e líderes de comunidades e povos tradicionais destacam o impacto produzido em seus territórios pelas ações de capacitação e resultados dos projetos de pesquisa e inovação social.
“É um imenso orgulho ter a Embrapa Alimentos e Territórios como nossa parceira”, falou Dionete Figueiredo, presidente da Cooperativa de Agricultura Familiar com base na Economia Solidária (Copabase). “A pesquisa envolvendo a polpa do baru tem um significado muito grande, no aproveitamento integral do fruto”, contou. “Até então, para a cooperativa, somente a castanha tinha uma porta aberta para o mercado. A gente espera que, com o avanço das pesquisas, as possibilidades de usar a polpa também como alimento possam abrir mais oportunidades de renda para as famílias envolvidas na cadeia”, destacou.
A nutricionista Anna Luna, da Bioativo Consultoria, parabenizou pela atuação, promovendo a agricultura familiar, dos povos e comunidades tradicionais, com o incentivo à segurança alimentar e nutricional. Cláudio Pageú, da Comunidade Quilombola Engenho Siqueira, em Rio Formoso (PE), disse que a Embrapa levou para a comunidade o desenvolvimento no sentido de capacitar e orientar, por meio do projeto Paisagens Alimentares, a implantação do turismo de base comunitária. “Isso vai ser levado pra sempre na nossa comunidade”, reforçou.
O líder indígena Jairã Santos, de Feira Grande (AL), contou que foram feitos dois projetos em parceria com o povo Tingui-Botó: um de apicultura, que potencializou a produção de mel no território dessa comunidade, e o segundo, em andamento, que é o mapeamento das roças e da diversidade de culturas que os povos indígenas praticam, fundamentados na agroecologia e nos princípios da agricultura tradicional. “A pesquisa agropecuária precisa se atentar para esse modelo de agricultura porque, diante da crise climática que a gente vive, o modelo agrícola aceitável é o da agroecologia e os povos indígenas são os que detêm esse conhecimento”, afirmou.
Na visão da secretária estadual de Agricultura de Alagoas, Aline Rodrigues, o trabalho da Embrapa está fortemente alinhado ao da Secretaria, buscando o desenvolvimento do homem e da mulher do campo para que produzam mais e melhor, por meio de atividades relacionadas ao manejo agropecuário e às técnicas agrícolas. O secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Inhapi (AL), Reginaldo Silva, falou da parceria construída no Alto Sertão de Alagoas para fomentar a agricultura familiar, junto aos povos tradicionais, os quilombolas, e o desenvolvimento socioeconômico da região.
Cultura alimentar com ciência
“Esse centro é fantástico! Eu tive o prazer de acompanhar a sua trajetória; ele é muito inovador, está olhando para o futuro, está olhando para o mundo. Vocês podem ficar muito orgulhosos de celebrar esse aniversário”, disse o pesquisador do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad) Patrick Caron, membro do Comitê Assessor Externo da Unidade, presidente da Agropolis Internacional e vice-presidente de Assuntos Internacionais da Universidade de Montpellier, na França.
A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou que o “centro de pesquisa tem tido um papel fundamental na agregação de valor da biodiversidade brasileira”. Ela agradeceu pela dedicação e esforço para a geração de tecnologias e práticas mais sustentáveis, especialmente para os produtores rurais, as comunidades locais e o País. “Que cada vez mais essa Unidade tenha um protagonismo na agricultura brasileira”, enfatizou.
“Ela vai trazer à tona os nossos sabores, os sabores do Brasil; vai poder fazer toda uma mistura dessas culturas que envolvem esses sabores, vai envolver também as comunidades tradicionais, aquelas comunidades que geram cultura através da alimentação e, obviamente, colocar uma pitada de ciência nisso tudo”, enfatizou o diretor-executivo de Governança e Gestão, Alderi de Araújo.
A secretária Nacional de Aquicultura, Tereza Nelma, falou sobre a contribuição do centro de pesquisa para o desenvolvimento do País na temática da alimentação. “É uma grande contribuição da Embrapa para o nosso Brasil, quando a gente sabe que o nosso País voltou para o mapa da fome; e a pesquisa é necessária para que a gente encontre alternativas de alimentação para matar a fome do nosso povo”, conclamou.
“A Embrapa Alimentos e Territórios nos auxiliou na execução do projeto Dom Hélder Câmara na segunda fase e com certeza será uma grande parceira na terceira fase que está começando este ano”, disse Moisés Savian, secretário de Governança Fundiária e Desenvolvimento Territorial e Socioambiental do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Segundo ele, esse é um centro da Embrapa muito especial porque “faz a conexão entre o tema do alimento e o território, olhando para a diversidade e a cultura alimentar e para tantos outros temas que são fundamentais para nós, olhando para o desenvolvimento rural sustentável”.
Para a diretora de Pessoas, Serviços e Finanças, Selma Beltrão, nesses seis primeiros anos, a Unidade avançou muito em termos de projetos e formalização de parcerias nacionais e internacionais, especialmente para a segurança alimentar e nutricional da população por meio da valorização de alimentos diferenciados da biodiversidade e da geração de valor e de riqueza, com impacto na realidade social e territorial das comunidades. “Por isso, estou certa de que nos próximos anos a Embrapa Alimentos e Territórios irá avançar ainda mais em termos de tecnologias e inovações geradas para a sociedade.”
Foco na valorização de produtos da biodiversidade brasileira para alimentaçãoA Unidade, com abrangência nacional, tem foco na valorização de produtos da biodiversidade brasileira para alimentação, desenvolvendo pesquisas e soluções tecnológicas que buscam agregar valor aos produtos agroalimentares, com ênfase nas áreas de alimentos funcionais, saúde, nutrição, bioprodutos, gastronomia e alimentos territoriais, segurança alimentar e no desenvolvimento sustentável dos territórios.
Entre os pontos de destaque em sua atuação estão a identificação de produtos típicos, de nichos de mercado e de vocações gastronômicas territoriais com potencial para promover o desenvolvimento local e regional. A Unidade integra a inovação agropecuária à saúde, à gastronomia e à indústria do turismo, que possuem amplo potencial de crescimento no País.
O centro de pesquisa começou a ser desenhado no início de 2016, quando a Embrapa criou um Grupo de Trabalho (GT) para preparar estudos visando a possível instalação de uma Unidade de Pesquisa no estado de Alagoas. O GT formado por Antônio Dias Santiago, João Flávio Veloso Silva, Ricardo Elesbão Alves e Tenisson Waldow de Souza foi responsável pelo Estudo das cadeias produtivas e elaboração de diagnóstico, aprovado pelo Conselho de Administração da Embrapa (Consad), em 25 de abril de 2016, durante a sua 142ª Reunião Ordinária.
Naquele ano, como parte das ações para implantação da Unidade, a Diretoria-Executiva aprova a missão de cientista visitante do pesquisador João Flávio Veloso Silva, entre 9 de setembro de 2016 e 9 de setembro de 2017, para desenvolver a “Proposta organizacional e de pesquisa sobre alimentos da biodiversidade e dos territórios brasileiros”, na Unité Mixte de Recherche Innovation, do Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement (UMR Innovation/Cirad), em Montpellier (França).
Em 4 de maio de 2016, é celebrado o Protocolo de Cooperação entre o governo de Alagoas e o Ministério da Agricultura, com a finalidade de juntar esforços para apoiar a implementação de um Centro de Pesquisa da Embrapa no estado de Alagoas. Nesse instrumento, o estado se compromete a doar à Embrapa uma área para a instalação da Unidade. Criada a Unidade em 2018 e recebida a área de 16,6 hectares, são iniciados os projetos construtivos para recuperação e requalificação da antiga Companhia de Fiação e Tecelagem Norte Alagoas, em Maceió.
Com recursos de 28,3 milhões de emendas parlamentares, aportados pela Bancada Federal de Alagoas, e de mais 31 milhões de reais do novo Plano de Aceleração e Crescimento (novo PAC), no começo de 2024, tiveram início as obras de construção da sede. Os serviços da obra abrangem, numa primeira etapa, a requalificação e a reconstrução da área. A segunda etapa contempla a especificação e a aquisição dos equipamentos de campo e para os laboratórios, e a execução de obras complementares para serviços de infraestrutura. No total, serão investidos 69 milhões de reais do novo PAC, incluindo a complementação das obras e a aquisição dos equipamentos.
Tijolos históricos
O chefe-geral da Embrapa Alimentos e Territórios, João Flávio Veloso Silva, durante um evento comemorativo interno realizado em 19 de junho, presenteou todos os empregados com os tijolos que foram recuperados da fornalha da antiga Companhia de Fiação e Tecelagem Norte Alagoas, a fábrica da Saúde, onde será instalada a sede da Unidade. Os tijolos foram fabricados há mais de cem anos em Recife, nas terras do Engenho São João, fundado no fim do século XVI, que se tornou um local de resistência contra a ocupação holandesa.
Curiosamente, o engenho foi herdado por Ricardo Lacerda de Almeida Brennand, que construiu, em 1917, a Cerâmica São João, desativada em 1945. O escultor e artista plástico Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand, filho de Ricardo, começou a reconstruir a antiga cerâmica em 1971, que se transformou na Oficina Brennand, dando início a um projeto de esculturas cerâmicas que viriam a se constituir no Instituto Ricardo Brennand, fundado em 1990.
“Os tijolos que nós recuperamos da estrutura da fábrica da Saúde foram elaborados com esse barro onde se passou a história do Brasil, e num cenário que hoje é um espaço maravilhoso em Recife. Ficamos muito satisfeitos de verificar como tudo aconteceu, e a história que a gente pode encontrar numa peça de tijolo do local onde a nossa história está sendo contada”, afirmou Veloso. “E é muito importante que todos continuem imbuídos nessa construção porque a história continua, e os próximos capítulos vão ser escritos por todos vocês que estão nos ajudando a estabelecer a Embrapa Alimentos e Territórios em Alagoas”, frisou.