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Entrevista: Completando 20 anos com novo álbum em produção, Academia da Berlinda se apresenta em Arapiraca pela primeira vez

Por Gustavo Cândido 23/08/2024 21h09 - Atualizado em 23/08/2024 21h09
Academia da Berlinda - Foto: Gustavo Cândido

Uma banda que leva o Carnaval para onde quer que vá, de um lugar que traz todo mundo para a sua folia. Essa é a Academia da Berlinda, de Olinda (PE), atração da programação do Festival de Cinema de Arapiraca deste sábado (24), ao lado da Cumbia das Antigas e DJ Lili.

O Já é Notícia conversou com Alexandre Urêa, que é percussionista, compositor e um dos vocalistas. Na entrevista, além de comentar sobre o show que acontecerá na tenda Afrísio Acácio, em Arapiraca, ele falou sobre novos materiais e também curiosidades da trajetória da Academia da Berlinda, que está completando 20 anos em 2024.

Aliás, essa é a primeira vez que a banda toca na cidade, mas não é a primeira vez em Alagoas. Recentemente, os pernambucanos se apresentaram no Revéillon Nem Vem, na Praia do Francês, em Marechal Deodoro.

Segundo Alexandre, um integrante da equipe do festival fez a ponte que viabilizou a apresentação, sob pedidos do restante da produção, que gostaria de contar com a banda na programação. Não demorou para a vontade se tornar realidade.

"Cinema e música são parceiras, assim, então nesses festivais sempre acontecem coisas boas. Um influencia o outro, então sempre pinta algum trabalho, alguma coisa juntas, quando se encontram", diz o músico.

20 anos de Academia

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A banda começou em 2004, quando amigos do Sítio Histórico de Olinda que já tinham experiências musicais se reuniram, inicialmente sem um repertório autoral. O primeiro álbum, "Academia da Berlinda", veio em 2007.

O começo foi revivido em 2024 com "Berlindance", uma espécie de turnê com canções que fizeram parte dessa fase. Além de acender a nostalgia, a intenção é lançar algumas dessas reeleituras dentro de poucos meses.

"Foi o início do repertório que a gente montou, com músicas de vários artistas. Reginaldo Rossi, Alípio Martins, Cassiano Costa, guitarradas do Pará, entre outros... Pinduca. Foi o laboratório para a gente poder fazer a nossa sonoridade e daí a gente teve influências também de músicas africanas, saca? Angolanas, Nigéria, afrobeat, que influencia muito nessas músicas do Norte e do Nordeste, principalmente do Norte".

Esse período da banda é o momento mais marcante da história da Academia da Berlinda para Alexandre.

"Cada um já tocava em várias bandas e a gente já se conhecia, já tocou em outras bandas juntos, aí formamos outras, entramos em outras bandas... e pra mim o início da Academia foi massa, porque essa turma aqui do Sítio Histórico, a gente sempre quis ter uma banda juntos, sempre quis criar, por ser amigos e tal de infância. Então a gente teve essa luz que foi fazer uma coisa ninguém fazia aqui em Recife, ainda mais cantando em português", afirma.

"Outros momentos dos 20 anos... as festas de aniversário da gente, a gente vem tocar em clubes tradicionais aqui. E todo aniversário da gente é super divertido, abrindo o espaço, tendo experiência, vendo nosso público, conhecendo, né? Então acho que desses 20 anos, assim, cada aniversário que a gente fez da banda, só teve o momento da pandemia que não comemoramos, mas foram especiais. E cada show também, cada show é especial, cada momento que a gente tá junto trabalhando, é bem marcante. O momento de criação também, somos amigos que temos uma certa liberdade um com o outro, uma brincadeira, na intimidade, que é uma coisa bem bacana também, que influencia muito na música também, na composição", completa.

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A maioria dos integrantes ainda mora em Olinda e o Carnaval inevitavelmente segue como parte importante da mistura que forma a banda.

"A gente tem esse convívio de muito tempo com o universo do Carnaval, né? Mesmo tocando uma música caribenha, uma coisa mais do que é de costume da tradição da música brasileira, mas a gente misturando com nossos ritmos, com maracatu, com ciranda, com coco, a gente fazendo cumbias, fazendo guaracha, uma coisa perto disso, né? mas misturando com nossa sonoridade, nossos ritmos populares".

"Isso influencia em tudo, na arte da capa, na nossa letra, na nossa composição, e aí a gente tá sempre no Carnaval, já por ser uma banda de Olinda, tem uma característica da cidade, de falar da cidade... e é onde a gente tem essa vivência. Olinda é nossa grande mãe, nossa grande base de tudo, até por ser músico, da minha parte e acho que dos amigos também ela influencia muito nisso e aí todo o universo carnavalesco também faz parte da Academia da Berlinda", conclui Alexandre.

Música preferida?

Uma das músicas que deve estar no repertório do sábado é Dorival, do álbum Nada Sem Ela (2016). Ela é apontada por Alexandre como a preferida do público.

"Dorival seria a música preferida do povo, acredito, e a gente vê também o povo quando começa a tocar ela, o povo se anima, curte mais, acho que mexe muito com a galera".

O músico também citou Cumbia da Praia, Fui Humilhado, E Então e Melô do Meninão como algumas que os fãs adoram.

No entanto, ele revela que a banda não tem alguma música que goste mais do que as outras.

"São as nossas crianças, as nossas crias. A gente ama tocar todas, todas elas, a gente sente até falta de não tocar tudo", fala, de forma descontraída.

Novos materiais

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"No momento estamos em processo de criação, composição, então já tá com uma quantidade boa de música autoral, se lapidando, se formando. A gente pretende ver reeleituras também, lançar algumas coisas como singles também. A gente tá tendo várias ideias, sabe? Nesse momento que vive o áudio, a música, a circulação, então é uma coisa que a gente tem que trabalhar também para esses formatos. A gente tem uma coisa bem saudosista de gravar o álbum inteiro, de lançar ele inteiro, sabe?", diz.

De acordo com Alexandre, os encontros entre os membros estão acontecendo toda segunda e quinta-feira, quando são feitos os processos de composição e gravação.

A previsão é que o lançamento de um álbum ocorra nesse ano ou até o próximo Carnaval. Há a possibilidade de que singles sejam lançados antes.

"Pode ser que 'virou o ano', a gente lance, para que seja um disco de 2025, entendeu? Então existe essa questão também, então ele vira um disco para 2025, pode ser, não sei, depende da ansiedade da gente, da vontade, do momento que tá vivendo na música, então quanto mais a gente criar, mais a gente por lá na rua, é melhor. E a gente tá num processo bem bacana, tá massa a criação, tudo. As reeleituras, elas praticamente tá na alma da gente, já tem umas ideias bacanas pra poder já lançar, botar em práticas. Acredito que algumas reeleituras devem sair ainda nesse ano".