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Brigadista que desapareceu enquanto combatia incêndio é encontrado morto carbonizado

Por Redação com G1 26/08/2024 19h07
Edson era trabalhador rural e morreu após 90% do corpo queimado - Foto: Redes sociais/Reprodução

O corpo de um brigadista do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que combatia incêndios na Amazônia foi encontrado carbonizado na região da Terra Indígena Capoto Jarina, no Parque Nacional do Xingu, a 692 km de Cuiabá, nesta segunda-feira (26). A vítima foi identificada como Uellinton Lopes dos Santos, de 39 anos.

Ao g1, o Ibama confirmou que o trabalhador desapareceu por volta das 11h desse domingo (25), enquanto trabalhava no combate ao fogo que se iniciou no território indígena e, desde então, não foi mais visto. Nesta manhã, Uellinton foi encontrado a cerca de 1km de uma linha de defesa contra o fogo.

Conforme o Instituto Raoni, a situação na terra indígena se agravou nos últimos 10 dias. É estimado pela entidade que a região tem cerca de 635 mil hectares, o que é maior do que a área do Distrito Federal (DF). Atualmente, 42 brigadistas atuando no combate, sendo que metade deles são indígenas que fazem parte de um projeto.

A instituição disse ainda que a situação é tão grave que solicitou ao Ibama que mais brigadistas fossem enviados até o local. O g1 procurou o Instituto dos Recursos Naturais para entender como está a situação, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

De acordo com o Instituto Raoni, este ano os focos de incêndio se espalharam mais cedo que o normal, já que o esperado era que o pico se intensificasse no mês de setembro, não logo em agosto.

Imagens divulgadas pela instituição mostram a região coberta pelo fogo e o céu cinza devido à fuligem e fumaça. Em um vídeo gravado pelo sobrinho do Cacique Raoni, Megaron Txucarramãe, ele implora por socorro.

“Se alguma autoridade puder me ouvir, por favor manda avião que apaga fogo. Só pode apagar esse fogo jogando água com avião”, pediu no vídeo gravado.

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Outros mortos em áreas de combate

Esta é a segunda vez, neste mês, que um brigadista morre combatendo os incêndios de grandes proporções que tem atingido grande parte do território mato-grossense. Há três dias o funcionário de uma fazenda morreu enquanto ajudava no combate a um incêndio que atingiu uma área de canavial próxima da BR-163, na zona rural de Itiquira, a 359 km de Cuiabá.

De acordo com a Polícia Civil, um caminhão-pipa transportava dois funcionários, sendo o motorista, que conseguiu escapar das chamas, e o ajudante, que tentou fugir, mas acabou sendo atingido pelo incêndio. A vítima foi identificada como Paulo Henrique Pereira Souza.

A plantação afetada fica no distrito de Ouro Branco do Sul, em Itiquira , mas pertence a uma usina localizada no município de Sonora (MS).

Já no Pantanal, em Corumbá (MS), o trabalhador rural Edson Genovêz, de 32 anos, morreu após ter 90% do corpo queimado enquanto abria um aceiro - uma espécie de barreira natural - contra incêndios que consumiam a fazenda em que ele trabalhava. O caso foi registrado no último dia 13.

O peão foi atingido pelo fogo quando o vento mudou de direção, levando as chamas justamente para onde ele estava. A morte do trabalhador rural foi confirmada pela irmã da vítima em uma publicação nas redes sociais e pelo próprio hospital.

Incêndios florestais

O comandante-adjunto do Batalhão de Emergências Ambientais (BEA), major Felipe Saboia, explicou que a estiagem severa e a baixa umidade do ar são fatores favoráveis para o surgimento natural de incêndios florestais, então é preciso que a população respeite o período proibitivo.

Conforme determina a Lei 9.605, o uso irregular do fogo associado ao desmatamento ilegal gera multa de até R$ 7,5 mil por hectare. As multas são aplicadas pelo Corpo de Bombeiros Militar e chegaram a R$ 40,5 milhões no primeiro semestre deste ano.