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Polícia diz que frigorífico 'maquiou' carne estragada do RS e reembalou como produto nobre do Uruguai

Por Redação, com g1 24/01/2025 10h10
Polícia diz que frigorífico 'maquiou' carne estragada do RS e reembalou como produto nobre do Uruguai - Foto: Reprodução/TV Globo

A investigação sobre o caso das toneladas de carnes que ficaram submersas durante a enchente histórica do Rio Grande do Sul aponta que a empresa vendeu peças estragadas como se fossem nobres e vindas do Uruguai.

A empresa, que é de Três Rios, no RJ, acabou repassando carnes para o mesmo frigorífico que vendeu as 800 toneladas do material podre - que deveria ter sido transformado em ração de animal. Essa carne, segundo a polícia, foi lavada para retirar os resíduos de lama e colocada nas caixas que simulam marca uruguaia.

Uma peça de picanha, do mesmo lote, ainda estava sendo comercializada nesta quarta (22) na empresa investigada. A investigação mostrou que a carne foi maquiada e vendida como própria para consumo. Quatro pessoas foram presas.

As investigações começaram depois que a empresa que realizou a venda procurou a polícia para dizer que notou ter comprado a carne estragada de volta como se estivesse boa e própria para consumo humano.

Segundo a polícia, essa peça em questão foi vendida para um frigorífico de Nova Iguaçu, que por sua vez revendeu para empresas de Minas Gerais. Por uma coincidência, a carne acabou sendo oferecida de volta para o produtor de Canoas, onde tinha ficado meses debaixo d'água.

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Fotos mostram que o produto chegou ao Rio Grande do Sul com aspecto de podre. Pelos lotes nas embalagens, o produtor que tinha perdido a carne notou se tratar do mesmo material.

Agora, a polícia tenta localizar as outras empresas que compraram a carne sem saber que era um produto impróprio. O rastreio está sendo feito através de notas fiscais apreendidas no frigorífico para encontrar possíveis compradores do material.

No comércio investigado, a polícia encontrou ainda centenas de caixas de medicamentos e teste de Covid vencidos, além de cigarros e até produtos de beleza na mesma situação. Todo o material foi inutilizado com cloro e entregue à companhia de limpeza.

A empresa é autorizada a fazer o reaproveitamento de produtos vencidos e alegou aos produtores gaúchos que a mercadoria seria transformada em ração animal.

Mas a Decon apurou que pacotes de carnes bovina, suína e de aves estragadas foram postos à venda para açougues e mercados de todo o país. “Temos informações de que a carne foi maquiada para esconder a deterioração provocada pela lama e pela água que ficaram acumuladas lá no frigorífico da capital gaúcha”, explicou o delegado Wellington Vieira.

“Até onde a gente sabe pelas investigações, a carne foi transportada para diversos outros compradores que não sabiam da procedência. Foram 32 carretas que saíram do Sul para diversos destinos do Brasil”, afirmou.

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“Todas as pessoas que consumiram essa carne correram risco de vida. Quando uma mercadoria fica debaixo d’água, adquire circunstâncias e condições que trazem risco iminente à saúde”, frisou o delegado.

Lucro de 1.000%

A polícia descobriu também que a empresa lucrou muito com o esquema.

“Segundo as notas fiscais, a carne boa estava avaliada em torno de R$ 5 milhões, mas a empresa comprou as 800 toneladas estragadas por R$ 80 mil”, declarou Vieira.

Os investigados podem responder ainda pelos crimes de associação criminosa, receptação, adulteração e corrupção de alimentos, com alcance em todo o país.